Histórias são vividas e são contadas.
E chegou a hora de contar a história vivida por Padre Humberto Capobianco, fundador do Colégio John Kennedy, que nos deixou recentemente, mas que também deixou seu legado conosco e com todos – alunos, ex-alunos, famílias, professores, funcionários – que tiveram a oportunidade de conviver com esse ser humano tão especial.
Assim, este artigo, em forma de homenagem, celebra e rememora sua incrível caminhada de fé. Conheça um pouco mais sobre sua história, que se mistura com a própria história do Kennedy, e confira como foi o evento de lançamento do livro “CJK – O Berço”, concluído pelo Padre Humberto antes de sua partida, em 02 de junho de 2024, aos 90 anos.
Índice
- Padre Humberto: uma breve biografia
- A “carreira” no futebol
- A paixão pela educação
- O livro “CJK – O Berço”
Padre Humberto: uma breve biografia
Filho de José Capobianco e Percídia Ribeiro Capobianco, Humberto Capobianco nasceu na cidade mineira de Campestre, no dia 22 de junho de 1933 (embora conste nos registros oficiais a data de 22 de julho). Ainda adolescente, chegou em Pirassununga em 12 de fevereiro de 1946, aos 13 anos de idade, para ingressar no Educandário do MSC (Escola Apostólica), onde permaneceu pelos próximos seis anos.
Em janeiro de 1952, parte para o Postulado em Itapetininga (SP), e após anos de formação religiosa, retorna a Pirassununga em 1958 em sua primeira nomeação para a Escola Apostólica, atuando como professor até o ano de 1968 e cooperando, de 1960 a 1974, com a Pastoral em Pirassununga, Leme e Araras.
Em sua extensa – e intensa – trajetória dedicada ao serviço, Padre Humberto teve a oportunidade de acumular inúmeros títulos, reconhecimentos e honrarias, fruto do seu incansável trabalho religioso e educacional. Alguns deles são:
- Conselheiro Local e Prefeito de Estudos para o Curso Clássico
- Coordenador da Pastoral da Juventude, Região de Pirassununga (70/77)
- Superior da Escola Apostólica de Pirassununga (71/77 – 2 triênios)
- Membro do Conselho Municipal de Educação de Pirassununga (1973)
- Delegado ao 1º Encontro da CAL em Lima, Peru (1973)
- 1º Delegado ao Capítulo Geral MSC em Roma (1975)
- Superior e Diretor do Escolasticado em São Paulo e Vice provincial, de 77 a 80.
- Participou da Conferência Geral MSC em Salzburg (Austria), na CAL na Guatemala e Maracaibo (Venezuela)
- Reeleito em novembro de 1983 como Superior Provincial (até 1986), participou em conferências e visitas em Lima (Peru), Douglas Park (Austrália), Nova Guiné, Indonésia e Nagoya (Japão)
- Em 1986, passou a ser Diretor e Superior do Seminário Maior – Vila Formosa, e Vigário Paroquial, sendo reeleito em 1989, em 1992 e em 1995
- Delegado ao Encontro Internacional de Formadores MSC em Valladolid (Espanha)
- Em 1993 foi Vigário Paroquial da Paróquia Menino Deus, em Vila Formosa
- Membro das Comissões de Espiritualidade, Formação, Saúde e Finanças da Província a partir de 1986
- Em abril de 1995 passou a ser o Diretor Geral do Colégio John Kennedy, Mestre de Noviços, Superior Local (Escola Apostólica) e Capelão na Capela Nossa Senhora do Rosário
Mas, muito provavelmente, alguns dos feitos mais marcantes de Padre Humberto Capobianco não estão registrados na lista acima, e sim na forma especial como marcou a vida de muitas pessoas com as quais conviveu em todos esses anos de jornada, desde o início de seu presbiterato até os dias de hoje.
Como bom mineiro, sempre foi discreto, dono de um humor oportuno e, sobretudo, um homem de vida e hábitos simples. Mas sua atuação emblemática, tanto como líder espiritual quanto como educador, deixou uma marca indelével na história de diferentes gerações.
Tanto que, em 20 de outubro de 1999, através do Decreto Legislativo 47/99, o Padre Humberto Capobianco, por indicação da então vereadora Cristina Aparecida Batista (a Cristina do Léssio) recebeu condignamente o título de “Cidadão Pirassununguense”, que celebra e reconhece sua contribuição marcante para o bem dessa cidade que ele aprendeu a amar.
A “carreira” no futebol
Mas a vida do Padre Humberto não foi marcada apenas pela dedicação à rotina religiosa: sempre que possível, ele se deixava encantar pela paixão nacional, o futebol. Flamenguista de coração, torcedor do querido CAP, o Clube Atlético Pirassununguense, e dono de um invejado “time de botão em sua cidade natal, Humberto Capobianco já teve até mesmo uma “carreira paralela” como jogador de futebol, sabia?
Conforme narra o jornalista Israel Foguel, essa curiosa história remonta à década de 1960. O time do Esportiva Pirassununguense, mais conhecido como Esportiva Aldriguetti, fazia jogos tanto na cidade quanto em toda a região. Entre os craques da equipe, três atletas se destacavam: Padre Humberto Capobianco, Padre Cortez e Padre Gusmão.
O fato de contar com três padres entre os jogadores, claro, chamava a atenção do público. Conta-se, inclusive, de uma partida realizada na cidade de Descalvado, onde as pessoas, curiosas, vinham perguntar ao Sr. Nelson Aldriguetti se era verdade que o time tinha um padre entre os titulares.
– “Um não, três padres!”, respondeu o “manager” do time à época, retrucando com outra questão: “E, por acaso, é pecado padre jogar futebol?” 🙂
Nelson ainda estimulou seus interlocutores a se atentarem ao comportamento dos seus três atletas religiosos. “Prestem atenção no jogo, e observem suas condutas no campo e fora dele”, complementou. Assim que terminou a partida, Padre Humberto deixou o gramado, pegou sua batina – que estava ao lado do campo – e a vestiu. As pessoas na arquibancada se entreolharam, sem ter nada a dizer!
A paixão pela educação
A grande paixão pelo futebol, no entanto, só não foi maior que a paixão de Padre Humberto pela educação. Paixão essa que foi demonstrada por sua própria trajetória pessoal, sempre marcada pela busca por novos conhecimentos e pelo aprendizado contínuo.
Homem de alta cultura, teólogo refinado com mestrado em Mariologia, Padre Humberto concluiu também cursos de Aperfeiçoamento do Estudo Secundário, Português e Literatura, Psicopedagogia e uma infinidade de outras formações.
Além de sua atuação como Mestre na Escola Apostólica dos Missionários do Sagrado Coração, foi professor de Português no IEEP, em Pirassununga, em 1970, chegando, enfim, ao ápice de sua trilha educacional em 8 de março de 1971, ao fundar o Colégio John Kennedy – do qual foi Diretor, até 1977, e Diretor Geral em outros períodos.
Pioneiro entre as escolas particulares de Pirassununga, o CJK foi inovador no mercado educacional local – e essa vocação para o pioneirismo permanece presente até hoje na cultura da escola. Em seus mais de 50 anos de existência, o Kennedy cresceu de uma pequena turma inicial para um colégio com milhares de alunos, ampliou sua estrutura física e se tornou referência em educação de qualidade não apenas no município, mas em toda a região, atraindo estudantes e famílias até mesmo das cidades vizinhas.
Vale lembrar: desde seu primeiro ano de atividade, o colégio já realizou a primeira Semana Kennedy, que hoje em dia é a maior e mais famosa gincana escolar de toda a região!
E como não poderia deixar de ser, essa foi mais uma iniciativa do Padre Humberto que se tornou digna de honraria: em sua história, o Kennedy recebeu o reconhecimento de premiações nacionais e internacionais do setor educacional – como o Prêmio Internacional de Educação, em 2005, e o Leão de Ouro, em 2017 – pela excelência da formação que oferece a seus alunos.
Essa história de amor e dedicação por ensinar e aprender, que nasceu do sonho do Padre Humberto, está registrada no livro “CJK – O Berço”, escrito por ele e lançado, de forma póstuma, no último dia 14 de setembro.
O livro “CJK – O Berço”
Padre Humberto fez questão de compartilhar com todos a história do Colégio John Kennedy, e a melhor forma que encontrou para fazer isso foi, lógico, uma das que mais amava: escrevendo.
Assim, nasceu o livro “CJK – O Berço”, que narra, em detalhes memoráveis e curiosos, um panorama histórico da fundação e da expansão do CJK, até se tornar uma das maiores referências educacionais da região, considerado por muitos como a “melhor escola de Pirassununga”.
A obra foi finalizada ainda em 2023, mas, infelizmente, o agravamento das condições de saúde de Padre Humberto impediram que seu autor pudesse vê-la chegar às mãos de seus ávidos leitores. Assim, em honra a mais essa empreitada educacional de Humberto Capobianco, o livro foi publicado e apresentado à comunidade em um evento no Colégio John Kennedy.
Familiares, amigos, colaboradores do CJK, ex-alunos de várias gerações e convidados estiveram presentes nessa festa, que celebra a memória de um homem que dedicou sua vida a servir ao próximo e a “educar corações novos para um mundo novo”. Corações, aliás, que, assim como as páginas desse livro, também guardam as palavras e o legado deixado pelo saudoso Padre Humberto.
Se quiser conhecer mais de perto essa linda história de amor pela educação, o livro “CJK – O Berço” está à venda na recepção do colégio, na Igreja Nossa Senhora do Rosário e no Seminário. E se você tiver alguma memória especial sobre nosso querido Padre Humberto, compartilhe com a gente nos comentários!
Referências/imagens:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/06/mortes-flamenguista-padre-deixa-legado-na-educacao.shtml
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